Home » Comunicação » Mulheres gráficas do País preparam carta aberta contra retrocesso

Mulheres gráficas do País preparam carta aberta contra retrocesso

Trabalhadoras responsabilizam governo Temer e pedem novas eleições

Depois de anos de conquistas para o público feminino, as trabalhadoras devem amargar um dos piores Dia Internacional da Mulher dos últimos tempos. Elas já enfrentam um dos maiores ataques da história do Brasil nos direitos sociais e trabalhistas perante as reformas defendidas pelo presidente Temer, logo que chegou ao poder com seu projeto neoliberal, após tomar a Presidência depois do controverso impeachment de Dilma.

O Comitê de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Gráficos (Conatig) entende que é preciso iniciar uma reação conjunta e nacional das profissionais da classe, pois serão as maiores prejudicadas com tantas propostas de retrocessos do Temer, em especial com as reformas previdenciárias e trabalhistas (e com a terceirização), além do congelamento de investimento na saúde e educação por duas décadas.

A primeira iniciativa das trabalhadores será a elaboração de uma carta comum que será distribuída no dia 8 de março às profissionais gráficas em todo o País, através da atuação dos sindicatos vinculados à Conatig. Na carta, que será entregue em envelope com o selo da Confederação, será apresentada uma síntese das mazelas que tais medidas do Temer afetarão, com gravidade, sobretudo a mulher brasileira, mas também afetarão os homens, visto que os ataques não farão distinção de gênero.

“O Comitê de Mulheres da Conatig está de parabéns por esta decisão, já que a ação oportunizará o contato com as trabalhadoras nas fábricas, interação indispensável para se aproximar e buscar conscientizar a base sobre os desafios atuais que demandam unidade e mobilização”, conta Leonardo Del Roy, presidente da Confederação Brasileira da categoria.

A decisão da elaboração e distribuição da carta aberta às trabalhadoras gráficos brasileiras foi definida na 1ª reunião geral da Conatig em 2017, realizada em janeiro na sede da entidade na capital paulista. Será uma ação unificada da Secretaria de Mulheres da Confederação, através do seu Comitê Feminimo. O coletivo é formado pela secretária de Mulher da Conatig, Elisangêla Oliveira (STIG São Paulo); Nivaldina Almeida (Secretaria de Formação e Gênero da Conatig); Sueli Silva (STIG Santos/SP); Marly Assis ( Fetigerj); Vera Regina (STIG Bauru/SP); Susana Arrua (STIG Curitiba/PR) e Lidiane Araújo  (STIG Pernambuco).

“O 8 de março de 2017 terá um gosto amargo de tantos ataques sofridos às conquistas duramente adquiridas”, ratifica o Comitê das Mulheres. É por isto que o coletivo convidará as trabalhadoras para se unir, como fizeram as mulheres norte-americanas recentemente, contra as formas de retrocessos, sobretudo quando o ataque vem do presidente do país, sendo o do Brasil ainda mais urgente, já que Temer assumiu sem votos. Apesar disso, ele quer mudar leis para tirar o direito das brasileiras/os, sendo, portanto, necessário que seja feita nova eleição para presidente, porque Temer não tem legitimidade e nem apoio popular para continuar. O pleito de eleição presidencial estará inclusive no fim da carta aberta.

TERCEIRIZAÇÃO TOTAL DA MÃO DE OBRA

O projeto de lei a terceirização irrestrita do trabalho (PL 4330) esconde sua verdadeira face. O que está por trás desse projeto é a retomada das taxas de lucro dos grandes empreendimentos frente o estrangulamento do fator trabalho. O impactar maior será sobre as profissionais mulheres. Já que as trabalhadoras ganham em geral  80% do salário dos homens. Isso significa que seus rendimentos seriam ainda menores. Além disso, as mulheres já são a maioria entre os trabalhadores terceirizados no país, por conta do agravante histórico da construção do patriarcado, que  reserva às posições com piores rendimentos e desvalorizações sociais.

Com aprovação da lei da terceirização total do trabalho, a prática passa a ser legitimada e incentivada. E adivinha quem mais sofrerá? a mulher! Serão as trabalhadoras a categoria mais atingida por essas formas de contratação, em especial as negras, como as pesquisas já demonstram. Além disso, há uma institucionalização no imaginário social coletivo de que as mulheres devem desempenhar os trabalhos domésticos e de cuidado, segundo a lógica de divisão sexual do trabalho. Essa situação já cria uma dupla jornada de trabalho para as mulheres, que têm seus empregos no mercado e suas obrigações nas tarefas de reprodução.

REFORMA PREVIDENCIÁRIA

A maior mudança, conforme as propostas apresentadas pelo governo federal em dezembro de 2016, será na alteração da idade mínima para a mulher trabalhadora ter direito a dar entrada em sua aposentadoria: 65 anos – mesma idade aos homens. Hoje, a mulher pode se aposentar cinco anos mais cedo do que os homens, tanto no regime por idade, quanto no por tempo de contribuição do INSS – este tempo que ampliará de 30 anos para 49 anos para a concessão da aposentadoria integral.
As brasileiras já sofrem com toda discriminação em cargos e salários, comparado aos homens, além da dupla  ou muitas vezes tripla jornada que exercem entre cuidar do lar e filhos e também trabalhar e estudar.

CONGELAMENTO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO

O governo elaborou um proposta de mudar a constituinte (PEC 241/55), sendo aprovada pelo Congresso Nacional em 2016, onde colocou limite em gastos públicos que historicamente crescem todos os anos em um ritmo acima da inflação, como Educação e Saúde e programas sociais. Além de ferir a Constituição, a iniciativa é desumana porque deixará de investir nas principais áreas para uma sociedade mais justa, as quais os pobres e trabalhadores necessitam. A mulher, por exemplo, conseguiu grande ascensão profissional graças a investimentos na Educação com bolsas de estudo oriundos de projetos sociais; creches para deixar seus filhos e etc.. Congelar estes e outros investimentos públicos prejudicará, certamente, a continuidade deste avanço e a vida sobretudo da mulher.