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Mulheres gráficas do Brasil criticam posições machistas de Temer

O Comitê Nacional das Mulheres Gráficas, grupo ligado à Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas do Brasil (Conatig), denuncia que além de ilegítimo, o presidente Michel Temer, que busca mudar as leis do trabalho e previdenciária para tirar direitos dos trabalhadores, ainda destaca-se negativamente por declarações machista e misógina. A mais recente fala pode ser observada, dias antes da greve geral há poucos dias, nas vésperas do Dia Nacional da Mulher (30/04), ao responder a pergunta do apresentador Ratinho sobre a crise fiscal. Temer aludiu que agora o Brasil não vai quebrar porque  tem um homem no comando. Numa posição bem machista, ele falou que “…os governos agora precisam passar a ter marido, viu, porque daí não vai quebrar”. Ele insinuou que a economia, que ele próprio quebrou com a depressão produzida pelo golpe, entrou em crise porque Dilma não tinha marido. Comitê repudia esta e outras várias declarações e políticas ilegítimas, machistas, misóginas e arcaicas contra profissionais mulheres do país.

“É grande a lista deste tipo de retrocesso desde a chegada de Temer há um ano”, diz Lidiane Araújo, uma das integrantes do Comitê. Ela realça que é preciso não naturalizar comportamento atrasado de discriminação e preconceito contra as mulheres brasileiras, sobretudo na passagem do Dia Nacional da Mulher. A data foi sancionada em lei federal há 37 anos, justamente com o objetivo de promover a inserção da mulher em todas áreas da sociedade, liderado pela luta da enfermeira Jerônima Mesquita, que comandou o movimento feminista à época no Brasil.

O papel da mulher na sociedade brasileira ainda foi atacado por Temer em 8 março,  Dia Internacional da Mulher, outra data especial no planeta para as mulheres em virtude da luta delas por igualdade e direitos iguais a dos homens. No entanto, Temer usou a rede nacional para dizer que o papel feminino na economia é de ser astutas seguidoras do orçamento doméstico e capazes de notar as flutuações de preços, destacando tão somente o cuidado dos afazeres domésticos e da educação dos filhos. Prova material desta posição conservadora pode ser claramente vista no  ministério presidencial, formado só por homens, além da extinção da  Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, causando retrocessos e desvalorizando as conquistas das mulheres.

“Enquanto Temer ataca nossos direitos e desconsidera nosso poder na sociedade e na economia do Brasil com as suas reformas e declarações machistas, patriarcal e misóginas, ele ataca a maior parte da população do país, porque as mulheres representam 51,6% dos brasileiros”, critica Lidiane. Além disso, é um governante atrasado e ilegítimo, não eleito pelo povo, que esquece que desde 2010, quase a metade dos lares do país, pesquisados pelo IBGE (órgão do governo), são administrados economicamente por mulheres. Já são 38,7% geridos pelas mulheres.

As declarações e decisões políticas de Temer vão de contra a realidade e as particularidades das mulheres e da classe trabalhadora brasileira, tanto é que ele atua para retirar os direitos trabalhistas e previdenciários com as injustas reformas que estão avançando no Congresso Nacional. “Por exemplo, enquanto mulheres laboram 7,5 horas a mais por semana do que os homens; e fazem 90% dos serviços domésticos, em contraste a 50% do homem, conforme mostram estudos, Temer quer uma reforma para elevar e igualar com o homem o tempo para mulher se aposentar, elevando de 30 para 49 anos de contribuição ao INSS”, repudia Lidiane. Não bastasse isso, ele quer aumentar a jornada de trabalho profissional de 8h para até 12 horas diária, permitida através da reforma trabalhista.

Para resistir a este cenário adverso, Lidiane defende que as mulheres gráficas e demais profissionais se encubram da consciência e da luta de classe trabalhadora e de gênero de Jerônima Mesquita. Ela que travou e revolucionou a sociedade brasileira há quatro décadas, ampliando a participação das mulheres em todos os segmentos da sociedade, sendo a referência e responsável central para existir o Dia Nacional da Mulher.  “Nós, mulheres gráficas, precisamos seguir e manter este legado para, juntas e unidas com as demais mulheres, participarmos dos movimentos sindicais e sociais contra  as reformas trabalhistas e previdenciárias. Sem luta não há vitória! A participação e unificação de forças é a única forma de pressionar e barrar os ataques deste governo golpista e cruel”.

Fonte: Conatig